Fronteira da Polônia com Belarus enfrenta crise de imigrantes; milhares de militares poloneses são convocadosFoto: Reprodução/CNN


Cerca de 15 mil militares poloneses estão na fronteira; alguns imigrantes de Belarus foram presos em condições de congelamento devido às baixas temperaturas



Imigrantes presos em Belarus fizeram várias tentativas de forçar entrada na Polônia durante a noite, disseram autoridades de Varsóvia nesta quarta-feira (10). Após o ocorrido, a Polônia anunciou que havia reforçado a segurança na fronteira. Enquanto isso, a União Europeia (UE) se prepara para impor sanções à Belarus por causa da crise.

Os 27 embaixadores do bloco devem concordar nesta quarta que o número crescente de imigrantes que tentam entrar em Belarus para chegar à fronteira da UE equivale a uma “guerra híbrida” do presidente Alexander Lukashenko.

“O Sr. Lukashenko explora sem escrúpulos pessoas que buscam refúgio como reféns por seu cínico jogo de poder”, disse o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, no Twitter, descrevendo as imagens da fronteira com Belarus como “horríveis”. “Mas a União Europeia não pode ser chantageada”, disse Maas.

A UE acusa Belarus de encorajar os imigrantes – do Oriente Médio, Afeganistão e África – a tentar cruzar ilegalmente a fronteira em vingança por sanções anteriores impostas a Minsk por abusos de direitos humanos.
Lukashenko negou ter usado os imigrantes como armas. Seu aliado próximo, a Rússia, sugeriu nesta terça-feira (9) que a UE deveria pagar a ele para impedir que os migrantes tentassem atravessar.
Milhares de pessoas convergiram para a fronteira esta semana, onde cercas de arame farpado e soldados poloneses bloquearam repetidamente sua entrada.

Alguns dos imigrantes, presos em condições de congelamento devido ao tempo na região. Eles estavam com pouca comida, abrigo improvisados, e usavam toras, pás e outros implementos para tentar atravessar a fronteira.
“Não foi uma noite calma. Na verdade, houve muitas tentativas de violar a fronteira polonesa”, disse o ministro da Defesa polonês, Mariusz Blaszczak, à emissora PR1.

Um vídeo da fronteira revela crianças e bebês entre as pessoas presas lá. “Há muitas famílias aqui com bebês entre dois ou quatro meses. Eles não comeram nada nos últimos três dias”, disse uma das pessoas na fronteira. Os imigrantes não quiseram ser identificados.

Imigrantes na fronteira de Belarus com a Polônia / Foto: Reuters


Cerca de 15 mil militares poloneses estão na fronteira


O serviço de guardas de fronteira polonês relatou 599 tentativas ilegais de travessia da fronteira nesta terça-feira – com 9 pessoas detidas e 48 enviadas de volta. Blaszczak disse que a força de soldados poloneses estacionados na fronteira foi reforçada de 12 mil para 15 mil homens.
Depois da meia-noite, dois grupos de imigrantes foram rejeitados. Um que tinha cerca de 200 pessoas perto da cidade de Bialowieza e outro de cerca de duas dezenas foi rejeitado perto de Dubicze, disse uma porta-voz.

O estado vizinho da UE, Lituânia, que seguiu os passos da Polônia ao impor um estado de emergência em sua fronteira e informou que 281 imigrantes foram rejeitados naquele dia, o maior número desde agosto, quando essas resistências começaram.
A UE acusa Lukashenko de usar táticas de “estilo gangster” no impasse de meses na fronteira, no qual pelo menos sete migrantes morreram.
As novas sanções da UE teriam como alvo cerca de 30 indivíduos e entidades, incluindo o ministro das Relações Exteriores de Belarus, disseram três diplomatas da UE.

O governo de Lukashenko culpa a Europa e os Estados Unidos pela situação difícil das pessoas presas na fronteira. A Rússia acusou a UE de não defender seus próprios valores humanitários e de tentar “estrangular” Belarus.
A crise estourou depois que a UE, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha impuseram sanções à Belarus por causa de sua violenta repressão aos protestos de rua em massa que foram desencadeados pela contestada vitória eleitoral de Lukashenko em 2020.
A Polônia nega as acusações de grupos humanitários de que está violando o direito internacional de asilo ao empurrar os imigrantes de volta para a Bielorrússia, em vez de aceitar seus pedidos de proteção. Varsóvia diz que suas ações são legais.
Alguns imigrantes reclamaram de serem repetidamente empurrados para a frente e para trás por guardas de fronteira poloneses e belorussos, deixando-os com falta de comida e água.

“Ontem ajudamos a proteger e evacuar um grupo de imigrantes”, disse Michal Swiatkowski, membro do grupo de resgate da Cruz Vermelha polonesa.

“Havia 16 pessoas, a maioria crianças. Eles não precisaram de cuidados médicos, embora tenhamos doado roupas quentes, cobertores e um pouco de comida”, disse.


Presidente de Belarus, Alexandr Lukashenko discursa em Minsk / Foto: Stringer/Reuters (16.ago.2020)


Rússia envia bombardeiros para patrulhar o espaço aéreo de Belarus

Dois bombardeiros estratégicos russos realizaram voos sobre Belarus nesta quarta-feira (10), disse a agência de notícias RIA, citando o Ministério da Defesa da Rússia.

Em meio a tensões crescentes entre Minsk e Varsóvia por causa de uma crise de migrantes em sua fronteira mútua, os bombardeiros Tu-22M3 patrulharam o espaço aéreo belorrusso.

Merkel pede a Putin que pressione Belarus sobre “instrumentalização de migrantes”

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse ao presidente russo, Vladimir Putin, por telefone, que a “instrumentalização dos migrantes” em Belarus era desumana e inaceitável.
Ela pediu que ele pressionasse o governo de Belarus sobre o assunto, disse seu porta-voz nesta quarta.





Por CNN

Redação Rádio domm